O México não é um destino comum entre estrangeiros que buscam uma graduação na América Latina. Nos últimos anos, no entanto, a experiência com intercambistas que vão ao México para ficar um semestre ou dois fez com que as universidades mexicanas se abrissem mais aos estudantes estrangeiros atraídos ao país pela qualidade do ensino e, principalmente, pelo intercâmbio cultural.
O ensino no México é considerado de qualidade e algumas de suas universidades figuram entre as melhores do mundo. Portanto, pode ser muito bom para o currículo ter um diploma mexicano. Para brasileiros, no entanto, não há grandes vantagens em estudar no México, principalmente para aqueles interessados em estudar Medicina. Ao longo deste artigo, você vai entender por quê.
Grande parte dos brasileiros que decidem estudar fora do país atualmente vão em busca de possibilidades que não encontram no Brasil. Essa realidade é vivida principalmente por aqueles cujo objetivo é a Medicina. Todos nós sabemos o quanto é difícil conseguir se tornar médico no Brasil, seja através da disputa acirradíssima pelas vagas nas universidades públicas, seja pelos custos absurdos cobrados pelas universidades privadas.
No México, a rede de ensino superior também é composta por instituições públicas e privadas. Como não há vagas para todos na rede pública, lá também é feito um exame admissional, uma espécie de vestibular, como forma de selecionar os candidatos. O aspirante à vaga realiza uma prova de conhecimentos gerais referentes ao conteúdo do Ensino Médio e aqueles que obtiverem a maior quantidade de acertos ficam com as vagas. Algumas universidades permitem que a prova seja realizada à distância.
Apesar das semelhanças, o sistema de ensino mexicano tem algumas diferenças em relação ao brasileiro. Enquanto nosso sistema é semestral, com aproximadamente 20 semanas letivas por semestre, no México o sistema é quadrimestral, com 14 semanas cada período letivo. Isso permite que eles tenham três ciclos anuais de entradas de alunos. Os ciclos quadrimestrais se iniciam em janeiro, maio e setembro. A entrada de setembro é a mais forte porque o calendário do Ensino Médio se encerra em julho.
No México, a duração do curso varia de uma universidade para outra. Em algumas instituições o curso tem duração de cinco anos, em outras, de seis anos ou até seis anos e meio. Quanto ao plano de estudos, há certa uniformidade nas escolas mexicanas. Nos dois primeiros anos, prevalecem as disciplinas morfológicas e fisiológicas: anatomia, embriologia, histologia, fisiologia, farmacologia. Muitas faculdades têm ainda nesse período disciplinas de teor social, como antropologia e psicologia.
Os anos seguintes são dedicados às disciplinas clínicas. Nas faculdades em que o curso de Medicina é de seis anos, o terceiro ano de curso é dedicado à introdução clínica, com a frequência do aluno a unidades de saúde básica. A partir do ano seguinte, o aluno passa a ter práticas em hospitais.
É importante saber que nas universidades mexicanas, para obter o título, os alunos precisam cumprir um ano de serviço social obrigatório. É como se fosse uma continuação do internato. Durante este ano, o estudante de Medicina presta serviços em unidades de saúde de comunidades indígenas e povoados pobres.
O método de ensino da Medicina no país é focado fundamentalmente no desenvolvimento das habilidades clínicas dos futuros médicos. As universidades ensinam que o mais importante é a clínica e a capacidade de dedução, a Medicina baseada em evidências. Ou seja, refletindo a realidade social do México, seus futuros médicos são preparados para trabalhar e obter bons resultados com o mínimo de recursos materiais.
Como você já sabe, a rede de ensino superior mexicana é composta por instituições públicas e particulares. Não há vagas para todos na rede pública e, mesmo na rede privada, há uma concorrência cada vez maior pelas vagas. Por isso, assim como no Brasil, há vestibular em qualquer hipótese.
No México, mesmo nas universidades públicas, o estudante precisa pagar a matrícula e também um valor anual. Em algumas universidades públicas, como a UNAM, os valores são quase sempre simbólicos. Algo como o equivalente a R$15 ou R$20 de matrícula e alguns centavos de anualidade. Sim, centavos. Outras têm um valor mais considerável, como anualidades de cerca de R$ 3 mil.
Já nas universidades particulares, os valores não são nada simbólicos e podem ter custos bastante semelhantes aos do Brasil. Na Universidade La Salle, por exemplo, o custo total do curso de Medicina atualmente é equivalente a cerca de R$ 300 mil. Dividindo esse valor pelos doze meses dos cinco anos de curso, temos um valor mensal médio de R$ 5 mil, que soa até razoável perto de universidades brasileiras que cobram mais que o dobro desse valor pelas mensalidades de Medicina.
No entanto, além das mensalidades, há uma série de procedimentos e cursos extras obrigatórios que são cobrados à parte. Pela incorporação ao sistema hospitalar, por exemplo, é necessário pagar o equivalente a R$ 2.250 no 4º, no 9º e no 10º semestre e R$ 3.000 no 5º, 6º, 7º e 8º semestres. Essas e outras taxas adicionais que são cobradas alcançam um total de cerca de R$ 35 mil ao longo dos cinco anos de curso na La Salle.
É importante ressaltar aqui que tomamos como exemplo os valores de uma universidade particular que tem renome, mas não está entre as melhores do país. Na Universidade Panamericana, por exemplo, que aparece nos rankings internacionais como a terceira melhor universidade do México, o curso total de Medicina pode passar de R$ 500 mil, valor similar aos pagos em boa parte das faculdades médicas do Brasil.
O processo para estudar no México é burocrático. O primeiro passo é escolher a universidade. Isso porque cada instituição tem exigências e requisitos próprios. Algumas realizam, além do vestibular, entrevistas. Outras exigem médias altas no histórico escolar ou o conteúdo programático do Ensino Médio.
O que é comum entre elas é a necessidade de inscrever-se no vestibular, fazer a prova e estar entre os classificados dentro do número de vagas oferecidas pela universidade. Também é generalizada a exigência de apresentação de certificado de conclusão do Ensino Médio e histórico escolar, além de documentos de identificação pessoal. Certificados de proficiência em espanhol também são comumente exigidos.
Toda a documentação deve ser apostilada, ou seja, autenticada. Depois, ela deverá ser apresentada ao Consulado Mexicano e traduzida por jurista regulamentado pelo consulado. Quando no México, a documentação deverá ser enviada ainda para o Ministério da Educação para ser validado novamente.
Depois de aprovado pela universidade escolhida, o estudante recebe dela uma carta-convite, que também deverá ser apresentada ao consulado como requisito para obtenção do visto de estudante. Para conseguir o visto, o estudante também deve apresentar um comprovante de subsistência, que pode ser um extrato bancário ou bolsa de estudos, já que estrangeiros que estudam no México não são autorizados a trabalhar por lá. O visto deverá ser renovado todos os anos.
Dentre as muitas universidades que oferecem o curso de Medicina no México, selecionamos as mais reconhecidas nacional e internacionalmente, públicas e particulares:
É a maior e mais bem conceituada universidade mexicana. No QS World University Rankings de 2021, a UNAM aparece como a segunda melhor universidade da América Latina, atrás apenas da Universidade de Buenos Aires (UBA), e uma das cem melhores do mundo. Com sede na capital Cidade do México e diversos campi espalhados pelo país, a UNAM foi responsável pela formação de importantes personalidades mexicanas, como o atual presidente Andrés Manuel Lópes Obrador e os laureados mexicanos do Prêmio Nobel. Todos os anos, a UNAM gera uma série de publicações de pesquisa e patentes em diversas áreas.
Considerada a mais antiga universidade da América Latina, a UNAM foi fundada em 1551 por um decreto real assinado pelo príncipe herdeiro Filipe em nome do rei da Espanha, Carlos I. Chamava-se originalmente Real e Pontifícia Universidade do México. Depois de passar por um período de quase um século fechada a partir de 1985, a universidade foi refundada em 1910 pelo regime Porfírio Díaz.
A Universidade de Guadalajara também é pública e uma das principais instituições de ensino superior do México. Com sede na cidade de Guadalajara, no estado de Jalisco, a UDG tem 16 campi e é a segunda maior universidade do país.
Fundada em 1792, ela também tem suas raízes no período colonial mexicano. As primeiras carreiras oferecidas na época foram Medicina, Direito, Teologia e Filosofia. Ou seja, o curso de Medicina da UDG está entre os mais antigos do México e da América Latina. A Universidade de Guadalajara também teve um período de fechamento. Devido à turbulenta situação econômica e política do país após a independência, a universidade ficou fechada de 1826 a 1834, quando retomou suas atividades.
A Universidade Autônoma de San Luis Potosí é mais uma universidade pública do México. É a maior, mais antiga e abrangente universidade do estado de San Luis Potosí, além de uma das mais importantes do México. Fundada em 1623, a UASLP foi a primeira universidade mexicana a ter autonomia concedida constitucionalmente, em 1923.
A UASLP é reconhecida por várias organizações nacionais e internacionais como uma das melhores instituições públicas de ensino superior no México. Com cinco campi localizados em vários municípios do estado de San Luis de Potosí, a UASLP tem alunos de graduação vindos do mundo de todo, inclusive do Brasil.
O Instituto Tecnológico de Monterrey é a mais bem conceituada instituição privada do México. No ranking de 2021 do QS World University, o Tecnológico aparece como a segunda melhor instituição do país, atrás apenas da UNAM, e a quinta melhor da América Latina.
Fundada em 1943 para ser um motor de desenvolvimento das comunidades mexicanas, o Tecnológico conta hoje com 26 campi, estando os principais nas cidades de Cidade do México, Monterrey e Guadalajara. Suas instalações são famosas por serem de última geração, incluindo laboratórios de alta tecnologia. Apesar de ser referência na área de Tecnologia de Informação, o Tec Monterrey, como é chamado, também tem excelentes índices na área da Saúde.
A Universidade Panamericana também é uma instituição privada. De orientação católica, foi fundada em 1967 como uma escola de negócios e só em 1996 passou a contar com uma escola de Medicina. Sua curta trajetória não a impediu de obter reconhecimento, a UP é considerada a terceira melhor universidade do México pelo QS World University Rankings e a segunda entre as particulares.
No México, a UP é famosa pelo excelente desempenho de seus graduados no Exame Nacional de Candidatos a Residências Médicas (ENARM), uma prova unificada que seleciona os candidatos para os cursos de especialização médica em todo o território mexicano. Por 12 anos consecutivos, a Panamericana foi a instituição com médias mais altas e maior proporção de aprovados no ENARM.
Com sede na Cidade do México e um total de 15 campi espalhados pelo país, a Universidade La Salle é uma instituição católica privada que faz parte da rede mundial de escolas Irmãos Cristãos, que está presente em 82 países. Sua Faculdade de Medicina, fundada em 1970, foi a primeira escola médica privada do país e ainda hoje é uma das mais prestigiadas.
A ULSA é reconhecida pela atenção personalizada que oferece aos seus alunos, seus valores tradicionais e seu espírito de comunidade. É credenciada pela Secretaria de Educação Pública do México como instituição de excelência.
O México é um país de povo amistoso e acolhedor com estrangeiros, com uma cultura milenar de raízes maia e asteca e tradições muito fortes. Viver no México é morar num dos países com o maior número de museus do mundo e um dos campeões em Patrimônios da Humanidade declarados pela UNESCO, com um dos maiores ecossistemas do mundo, uma culinária típica vastíssima e muitas festas populares.
Mas, como qualquer país latino-americano, o México também tem seus problemas econômicos, de segurança, de infraestrutura. Isso tudo deve ser levado em consideração quando se escolhe aquele país para morar, mesmo que seja só por algum tempo.
A moeda do México é o peso mexicano, que atualmente (2021) custa em média R$ 0,27. Em outros tempos, a conversão já foi bem mais benéfica para os brasileiros, mas o real se desvalorizou muito nos últimos anos. Com isso, o que parecia vantajoso, já não é mais. Claro que o custo de vida de um brasileiro no México depende muito da cidade em que se vive, do bairro escolhido, dos hábitos de cada um.
Em sites que comparam o custo de vida de diferentes cidades do mundo, é possível perceber que a vida na capital Cidade do México é um pouco mais cara que em outras cidades. Segundo o site Expatistan, o custo de vida para uma pessoa que mora sozinha na cidade do México gira em torno de $ 27 mil, ou R$ 7,3 mil. Em cidades como Guadalajara e San Luis de Potosí, que são universitárias, esse custo cai para $ 20 mil, ou R$ 5,4 mil para uma pessoa sozinha.
Parte dessas despesas pode ser reduzida quando compartilhadas com outros estudantes. Mas fica claro que viver no México não é barato para brasileiros.
Diferente de outros países que já apresentamos aqui, que oferecem uma ou outra grande vantagem em termos de custos, o México não tem uma boa relação custo-benefício para brasileiros que querem estudar no exterior. O ensino é de qualidade, há universidades reconhecidas internacionalmente, uma cultura riquíssima a ser vivenciada, mas os custos são bem parecidos com os do Brasil.
Além disso, há muitos fatores que se tornam obstáculos para brasileiros se adaptarem à vida no México. O idioma carregado de gírias está longe do espanhol com que estamos mais acostumados em nossas fronteiras. Mesmo falando espanhol, brasileiros costumam enfrentar dificuldades com o idioma mexicano. A culinária local também pode ser um problema para estrangeiros, já que a comida mexicana é bastante condimentada e muito apimentada.
Tem também as questões de segurança – o México enfrenta muitos problemas com relação ao tráfico de drogas em algumas regiões do país. Também há problemas de infraestrutura: o trânsito é caótico nas grandes cidades, a internet tem uma cobertura bastante deficiente e cara.
Podemos dizer que o México não é o melhor lugar do mundo para estudar Medicina. Nem mesmo o melhor da América Latina. Se o seu objetivo é estudar Medicina fora do Brasil, seja por questões financeiras ou pela qualidade do ensino, a Argentina tem se mostrado a melhor opção para brasileiros.
A Argentina tem um ensino superior de qualidade mundialmente reconhecida, não tem o vestibular como método de seleção, as faculdades públicas são totalmente gratuitas, inclusive para estrangeiros, e o ensino superior privado tem valores muito acessíveis. Ou seja, a Argentina oferece uma excelente relação custo-benefício para brasileiros.
Instituições como Universidade de Buenos Aires, Universidade Nacional de La Plata, Universidade Nacional de Rosário, Fundação Barceló, entre outras, formam médicos há décadas e têm sido a escolha de grande parte dos brasileiros que saem do país para estudar. Além disso, a metodologia de ensino na Argentina é a mesma utilizada na Europa.
Nossos vizinhos têm cultura, idioma, gastronomia e clima muito semelhantes aos nossos, a distância é pequena, o que reduz os custos com viagem e permite visitas mais frequentes à família. Além disso, o câmbio costuma favorecer os brasileiros, já que o peso argentino é mais desvalorizado que o real.
A Vive em Buenos Aires existe porque estudar na Argentina é a melhor opção para os brasileiros que buscam uma formação fora do país. Se você quer saber mais sobre como é estudar Medicina na Argentina, ou se essa já é a sua decisão, fale com a gente. Nós temos quase 20 anos de experiência em assessorar estudantes brasileiros na Argentina e teremos o maior prazer em ajudar você também a realizar esse sonho.