Estudar Medicina sempre foi o sonho de Gabriel Rodrigues. Sem acesso a uma das disputadíssimas vagas das universidades públicas e sem condições financeiras para fazer o curso em uma instituição privada, ele acabou seguindo outro caminho e se formou em Educação Física.
E foi trabalhando como preparador físico que as portas se abriram para a Medicina. Em 2018, Gabriel foi convidado para trabalhar na Argentina e decidiu que era chegada a hora de ir atrás do seu sonho. “Eu já tinha informações de que o ensino superior na Argentina era gratuito, ilimitado e sem vestibular. Financeiramente, não era uma boa proposta de emprego, mas me possibilitaria estudar Medicina”.
Pesquisando sobre como ter acesso às universidades argentinas, Gabriel descobriu que não seria tão simples. Os editais das universidades são muito exigentes e quem decide fazer tudo por conta própria precisa ir à Argentina duas ou três vezes para tratar de questões burocráticas, o que gera muitos gastos extras.
Buscando alternativas para esse processo, ele encontrou a Vive en Buenos Aires, procurou relatos sobre a empresa, foi conhecer a equipe e encontrou a segurança e as garantias de que precisava para embarcar rumo ao seu sonho.
Muitos brasileiros veem seu sonho virar pesadelo por assumir todos os procedimentos sozinho. É comum as pessoas se frustrarem e desistirem depois de confiar seu projeto de vida em empresas inidôneas. Não é difícil encontrar histórias de estudantes que perderam documentos, prazos e dinheiro por causa dessas empresas.
Eu só mandei meus documentos para eles, comprei minha passagem e fiquei tranquilo. Todo o resto, ficou por conta deles. E até hoje, mais de dois anos depois, a Vive en Buenos Aires me ajuda com qualquer informação que eu precise
Uma das principais razões que levam os brasileiros a decidirem estudar Medicina na Argentina é a questão financeira. Como no Brasil o ensino superior público não é acessível a todos, a alternativa para a maioria dos estudantes é buscar formação na rede privada. Só que quando se fala em curso de Medicina em rede privada no Brasil, está se falando em mensalidades que chegam a custar cerca de R$ 10 mil.
Na Argentina, como o ensino gratuito é acessível a todos, os custos se restringem a alimentação e moradia. Ana Beatriz conta que vive, sem apertos, com R$ 2 mil reais mensais, pagos por seus pais. “Com esse valor, eu pago moradia, alimentação e outras necessidades do dia a dia, e ainda consigo fazer uma reserva, sair no fim de semana, comer um hambúrguer. É um valor muito menor que uma mensalidade de faculdade particular no Brasil”.
Gabriel consegue bancar boa parte de suas despesas na Argentina trabalhando como personal trainer para brasileiros que vivem por lá. Conciliar estudo e trabalho, segundo ele, não é fácil. “Tem que ter muita disciplina porque a metodologia do curso exige muito estudo em casa e ter que dividir esse tempo com o trabalho é bem difícil. Mas tem valido a pena”.
Só o valor do aluguel de onde eu moro vem do Brasil. Todas as minhas outras despesas são pagas com a remuneração do meu trabalho.
Gabriel, que ainda está nos primeiros anos da graduação que dura pelo menos seis, ainda não tem planos muito bem definidos para o futuro. Certo é que ele pretende exercer a Medicina no Brasil, onde precisará da aprovação no exame Revalida para homologar seu diploma.
Antes disso, o estudante considera a possibilidade de dar sequência aos estudos na Espanha. “Essa é, para mim, uma das grandes vantagens de estudar na Argentina. Além de ter um ensino de qualidade, é uma porta aberta para uma especialização na Europa, já que a homologação do diploma é automática na Espanha”, conta.
Para Gabriel, que já morou na Espanha durante a graduação anterior, essa ponte entre Argentina e Europa se torna uma feliz coincidência.
O futuro depende de muitos fatores, mas acho muito viável fazer um mestrado ou doutorado na Espanha antes de voltar ao Brasil, onde pretendo trabalhar aliando meus conhecimentos da Educação Física com a Medicina.
Além de todas as vantagens já mencionadas, os brasileiros que optam pela formação na Argentina têm acesso a uma cultura riquíssima e a valores da Medicina tradicional, que no Brasil estão um pouco esquecidos. O simples contato com outra cultura já torna a pessoa mais empática e empatia é essencial no trabalho de um médico.
Além disso, na Argentina, não existe o mesmo “endeusamento” da profissão de médico, como existe no Brasil. Enquanto aqui a Medicina é sinônimo de status e estabilidade financeira, lá é essencialmente uma atividade de serviço às pessoas.