Nos últimos anos, houve um grande aumento de brasileiros buscando faculdades de Medicina no Paraguai. O ingresso facilitado, as mensalidades acessíveis, o custo de vida baixo e a presença de instituições nas regiões de fronteira são os principais atrativos para aqueles que buscam alternativas à altíssima concorrência dos vestibulares no Brasil. Só que toda essa procura fez surgir um mercado educacional oportunista e irresponsável, que pode esconder grandes riscos para o sonho dos brasileiros que atravessam a fronteira para estudar.
No Paraguai, o curso de Medicina tem duração de seis anos e a maioria das faculdades não realiza vestibular para o ingresso dos alunos. Algumas universidades exigem apenas que o aluno passe por um curso de nivelação antes de dar sequência ao curso. As vagas, no entanto, não são ilimitadas. Garante a vaga quem faz a matrícula primeiro. Por isso, já é comum brasileiros acamparem às portas de instituições nos períodos de matrícula para garantir uma vaga no curso de Medicina.
Para se matricularem, os brasileiros precisam providenciar apenas alguns documentos de migração, histórico escolar e documentos pessoais. As faculdades dão prazo de 60 a 90 dias para que os alunos apresentem a documentação de imigração. Alguns desses documentos precisam ser autenticados em cartório brasileiro e outros em cartório paraguaio. Por isso, é muito importante verificar as exigências de cada instituição.
O Paraguai tem boas universidades que oferecem o curso de Medicina. A Universidad Nacional de Asunción, por exemplo, é uma instituição pública bem avaliada, mas, diferente da maioria, realiza vestibular para selecionar seus alunos. Entre as particulares, que cobram mensalidades entre R$ 700 e R$ 2 mil, destacam-se em qualidade a Universidad Católica e a Universidad Autónoma, que também realizam exames seletivos, não estão na região de fronteira e têm as mensalidades mais caras.
As faculdades com mensalidades mais acessíveis funcionam justamente nas cidades que fazem fronteira com o Brasil, onde houve um boom de novas instituições interessadas na grande demanda dos brasileiros. Algumas dessas instituições oferecem o curso de Medicina de forma totalmente irregular. Não é difícil encontrar nos portais de notícias informações sobre os riscos que esse mercado desonesto representa para os estudantes.
As mensalidades baixas normalmente escondem a falta de certificação do Ministério da Educação paraguaio, de infraestrutura, equipamentos, laboratórios, biblioteca e uma série de elementos fundamentais para quem quer estudar Medicina. Ou seja, é o famoso “barato que pode sair caro”.
Em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que mais recebe brasileiros nos cursos de Medicina, o principal hospital tem apenas 90 leitos, insuficientes para que milhares de estudantes tenham contato com a prática médica, já que a maioria das instituições não têm hospitais próprios.
Algumas faculdades da cidade têm modernizado suas instalações e investido na construção de hospitais universitários. Das nove instituições localizadas em Pedro Juan Caballero, apenas duas conseguiram, graças aos investimentos, a certificação de qualidade. Essas são, no entanto, as instituições que cobram mensalidades que variam de R$ 1,5 mil a R$ 1,8 mil.
Além dos preços e facilidades no ingresso, a grande procura de brasileiros por cursos de Medicina no Paraguai foi motivada também pela possibilidade de trabalhar no Brasil pelo programa Mais Médicos, que até então não exigia revalidação do diploma. Essa flexibilização, no entanto, foi suspensa pelo atual governo e atualmente a única possibilidade para quem tem diplomas estrangeiros é a revalidação.
Esse é outro fator que demonstra a deficiência de muitos cursos de Medicina do Paraguai: os diplomas expedidos pelo país têm um dos mais baixos índices de aprovação no Revalida. Em geral, a média de aprovação dos diplomas paraguaios no exame não passa de 30%, o que pode indicar pouca qualidade do ensino. Para se ter uma ideia, os diplomas expedidos por universidades da Argentina têm um índice de aprovação na casa dos 60%.
Por isso, quem opta por estudar Medicina no Paraguai precisa estar muito atento à qualidade do ensino e a estrutura oferecida pela instituição escolhida. Mesmo quando os valores investidos são pequenos, o prejuízo pode ser grande quando o que está em jogo é o sonho de uma carreira.
Para evitar correr os riscos, a maioria dos brasileiros que decidem estudar Medicina fora do Brasil têm optado pela segurança oferecida por instituições argentinas, que têm vagas ilimitadas na rede pública e mensalidades tão acessíveis quanto as paraguaias na rede privada. Na Argentina também não existe vestibular, mas um curso de nivelamento antes do início da carreira.
Mas a grande vantagem de estudar na Argentina é a qualidade inquestionável do ensino. Instituições como Universidade de Buenos Aires, Universidade Nacional de La Plata, Universidade Nacional de Rosário, Fundação Barceló, entre outras, formam médicos há décadas e são reconhecidas mundialmente. Se você quer saber mais sobre como é estudar Medicina na Argentina, fale com a gente. Nós teremos o maior prazer em esclarecer todas as suas dúvidas.