Realizar o sonho do diploma europeu, em universidades conceituadas, a um baixo custo e falando o próprio idioma. Esses são os motivos que têm levado brasileiros a desejarem cursar Medicina em Portugal. Além de carregar consigo todas essas vantagens, essa opção é uma alternativa às condições tão restritas do ensino da Medicina no Brasil: altíssima concorrência nas universidades públicas e altíssimas mensalidades nas universidades privadas.
Nós já tratamos aqui no blog sobre a possibilidade de brasileiros estudarem em Portugal utilizando a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), opção que não existe para quem pretende estudar Medicina. No entanto, essa não é a única restrição do curso por lá: estudantes internacionais não têm acesso às universidades de Medicina portuguesas porque elas são exclusivas de estudante portugueses ou equiparados.
Assim, brasileiros só podem estudar Medicina em Portugal caso se enquadrem em um dos casos excepcionais estabelecidos pela legislação portuguesa para a condição de cidadãos equiparados, que são:
No caso de brasileiro residente legal em Portugal, o prazo mínimo de dois anos deve estar completo até o dia 31 de agosto do ano em que se pretende iniciar na universidade portuguesa, já que lá o ano letivo tem início em setembro.
Já o brasileiro que requere a aplicação do Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres precisa ter mais de 18 anos e residir legalmente em Portugal há mais de seis meses. Esse estatuto é resultado de um acordo entre Portugal e Brasil, que desde 2000 beneficia tanto brasileiros que vivem em Portugal quanto portugueses que vivem no Brasil.
O beneficiário do estatuto passa a contar com os mesmos direitos de cidadãos locais e um dos direitos é o de concorrer a vagas de estudo em igualdade com portugueses. O procedimento para obter o documento validando esse estatuto pode demorar em torno de oito meses e é preciso já tê-lo em 1º de janeiro do ano em que o estudante pretende concorrer a uma vaga na universidade.
A partir do momento que um brasileiro atenda oficialmente a uma dessas quatro condições, ele estará apto a se inscrever no Exame Nacional, que equivale ao Enem brasileiro.
Se você já tem uma licenciatura em algum curso da área da saúde, há ainda uma alternativa: o Concurso Especial. Trata-se de um processo seletivo autônomo, cujos requisitos são definidos pelas próprias universidades. Pela legislação portuguesa, pelo menos 15% das vagas fixadas para o Exame Nacional devem ser ofertadas pelo Concurso Especial. Cada faculdade de Medicina lista os cursos que aceita como formação prévia para a admissão desses candidatos.
O Exame Nacional é a forma de acesso ao ensino superior português mais abrangente e é utilizado como método seletivo de nove das dez faculdades de Medicina existentes em Portugal. Organizado pela Direção Geral do Ensino Superior (DGES), o Exame Nacional é composto de provas específicas do curso que se pretende seguir. No caso de Medicina, as provas são três: Biologia e Geologia; Física e Química; e Matemática.
No entanto, a nota dessas provas representará apenas parte da nota de classificação nas universidades, em geral 50%. O resto da nota será a média geral do Ensino Médio, cujo histórico e certificado de conclusão você precisará apresentar a uma escola secundária portuguesa para que seja feita a equivalência. No entanto, há universidades que dão peso muito maior à nota do Ensino Médio, como a Universidade Nova de Lisboa, onde 65% da nota de classificação é referente à nota do Ensino Médio e apenas 35% é proveniente do Exame Nacional.
Num primeiro momento, você pode estar pensando que é muito mais fácil estudar para o Exame Nacional português do que para o Enem, que abrange cinco áreas do conhecimento e várias disciplinas, além da redação. No entanto, apesar do número reduzido de provas, os conteúdos cobrados em Portugal são mais aprofundados. Isso acontece pelo fato de que o currículo do ensino secundário português inclui um número bem menor de disciplinas, mas com a mesma carga-horária do Brasil. Isso permite detalhar muito mais cada disciplina. A prova de matemática, por exemplo, inclui conteúdos que no Brasil só são tratados no primeiro ano de cálculo do ensino superior.
Cada prova do Exame Nacional é composta por questões de múltipla escolha e dissertativas. Além disso, diferente do Enem, as provas são distribuídas ao longo de semanas. A duração das provas é menor que no Brasil porque o número de questões também é bem menor. A redação não é exigida para todos os cursos, apenas para os que farão prova de português ou de línguas estrangeiras.
O Exame Nacional possui valor máximo de 200 pontos e, para que o aluno possa concorrer a uma vaga nas universidades, é necessário alcançar uma nota mínima. Para o curso de Medicina, a maioria das universidades exige nota mínima de 140 pontos. No entanto, há universidades que exigem notas superiores, como a Universidade Nova Lisboa, que exige no mínimo 150 pontos, e a Universidade de Lisboa, que exige 160 pontos.
Para calcular a nota de candidatura, é preciso fazer a média das três provas do Exame Nacional e multiplicar pelo peso dado ao exame pela universidade escolhida. Por exemplo, se o peso for de 50% da nota de candidatura, você deve multiplicar a média por 0,5. Depois, é só somar essa nota à média final do Ensino Médio multiplicada também pelo peso conferido a ela. São selecionados pela universidade os candidatos que tiverem as notas mais elevadas, até que sejam preenchidas todas as vagas disponíveis.
É importante que você saiba que não há vagas suficientes nos cursos de Medicina para todos os interessados. Na verdade, o número de vagas é muito inferior ao de candidatos interessados. Ou seja, em Portugal, o curso de Medicina também é bastante concorrido e só conseguem entrar aqueles que tiverem excelentes notas tanto no Exame Nacional quanto no Ensino Secundário.
Em primeiro lugar, é importante saber que os cursos de Medicina são oferecidos apenas pelas universidades públicas. Ou, melhor, eram até 2020. Para o ano letivo que se inicia em setembro de 2021, a Universidade Católica Portuguesa, que é uma instituição privada, tem previsão de iniciar seu curso de Medicina.
O curso de Medicina em Portugal tem duração de seis anos, em regime de tempo integral e presencial. A formação é realizada na modalidade de mestrado integrado, unindo graduação e especialização, ou seja, o estudante obtém ao final o título de mestre.
Durante o primeiro ciclo do curso, que corresponde aos três primeiros anos, os estudantes adquirem conhecimentos básicos da formação médica. É chamado de ciclo básico. No segundo ciclo, que são os três anos finais, os estudantes têm a formação especializada para o exercício da profissão. É chamado de ciclo clínico, período destinado ao estágio supervisionado, conhecido no Brasil como internato.
Concluídos os seis anos de formação acadêmica, o aluno deve ainda fazer obrigatoriamente o sétimo ano, chamado de Internato de Formação Geral, que equivale à residência médica no Brasil e é remunerado. Só depois de concluído esse período é possível seguir para uma especialidade.
Atualmente, sete das dez universidades de Medicina de Portugal oferecem o mestrado integrado completo – Universidade da Beira Interior, Universidade de Coimbra, Universidade de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, Universidade do Minho, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.
A Universidade dos Açores e a Universidade da Madeira oferecem apenas o ciclo básico do curso e seus alunos precisam obrigatoriamente terminar a formação nas universidades de Coimbra e Lisboa, respectivamente.
Há, ainda, a Universidade do Algarve, que oferece um ciclo especial para quem já tem uma licenciatura na área de saúde e quer complementar sua formação para se tornar médico. É por isso que ela é a única a não utilizar o Exame Nacional no processo seletivo. Seu ingresso se dá pelo Concurso Especial.
A formação em Medicina é regulamentada a nível europeu e reconhecida entre os estados-membros da União Europeia, ou seja, o profissional desta área pode atuar em qualquer país membro.
Apesar de o curso de Medicina em Portugal ser atualmente oferecido apenas por universidades públicas, estudar lá não sai de graça. Isso porque mesmo as universidades públicas cobram taxas e anuidades de seus alunos, sejam eles nacionais ou estrangeiros.
Em geral, o valor cobrado de cidadãos portugueses ou equiparados para o ciclo básico no ano letivo 2020/2021 estão em torno de €700 por ano, o equivalente a R$ 4,5 mil na conversão de maio de 2021. Esse valor pode ser parcelado em até 10 vezes ao longo do ano.
Há duas universidades cujas anuidades fogem um pouco deste valor. Na Universidade do Porto, a anuidade cobrada atualmente é de €1250 e na Universidade Nova de Lisboa, €2750. Mesmo assim, os valores convertidos – R$ 8 mil e R$ 17,5 mil – são bastante razoáveis, se comparados aos praticados pelas universidades privadas do Brasil, que vão de R$ 60 mil a 150 mil ao ano.
Mesmo cobrando anuidades de valores relativamente acessíveis, pelo menos para os padrões brasileiros, o governo e as universidades portuguesas disponibilizam bolsas de estudo para custear as despesas do curso de maneira parcial ou integral.
Os brasileiros que atendam alguma das condições de equiparação a portugueses e com isso consigam entrar para uma universidade de Medicina também pode concorrer às bolsas de estudo.
Dentre as bolsas de estudo ofertadas pela Direção Geral do Ensino Superior (DGES), há bolsas genéricas a que podem concorrer estudantes de todo o país e há bolsas por mérito, que são atribuídas apenas aos estudantes com bom desempenho acadêmico.
Há ainda o programa +Superior, que oferece bolsas para estudantes que escolhem faculdades de regiões com menor procura ou menor densidade demográfica. Todas as informações sobre as bolsas do governo e como solicitá-las podem ser encontradas no site da DGES.
As informações sobre as bolsas oferecidas diretamente pelas universidades são encontradas nos sites das próprias instituições. Cada uma delas tem critérios e processos seletivos próprios.
Você já sabe quais são as dez universidades que atualmente oferecem o curso de Medicina em Portugal. Para que você possa conhecer um pouco mais de algumas delas, selecionamos aquelas que aparecem como as cinco melhores na classificação do QS World University Rankings 2021.
A universidade de Lisboa é uma das mais antigas de Portugal e do mundo, tendo sua história iniciada em 1290, quando uma bula papal reconhece sua existência sob o nome de Estudo Geral de Lisboa. A concepção atual da universidade, no entanto, só aconteceu bem recentemente, em 2013, com a fusão da Universidade de Lisboa com a Universidade Técnica de Lisboa. Com isso, passou a ser a maior universidade portuguesa em número de alunos e orçamento.
A Universidade de Lisboa também é frequentemente considerada a melhor universidade de Portugal, ocupando o primeiro posto no QS World University Rankings há vários anos, inclusive quando se trata especificamente do curso de Medicina. Em 2021, divide o posto com a Universidade do Porto. Seus oito campi estão espalhados pela capital portuguesa.
Não é, portanto, de se espantar a alta procura de estrangeiros por seus cursos. Cerca de 20% dos 50 mil alunos da Universidade de Lisboa são estrangeiros. Dentre os estrangeiros, um terço é de brasileiros. Ou seja, são cerca de 3 mil estudantes brasileiros estudando por lá.
Fundada em 1911, a Universidade do Porto ocupa atualmente o posto de melhor universidade portuguesa ao lado da Universidade de Lisboa, de acordo com o QS Rankings. É a segunda maior universidade portuguesa por número de estudantes. Por trás dos bons índices está um esforço da instituição em melhorar aspectos cruciais, como a internacionalização.
Em razão disso, as 15 escolas que constituem a Universidade do Porto investem cada vez mais em disciplinas ministradas em inglês e parcerias com universidades estrangeiras. Atualmente, a Universidade tem cerca 31 mil alunos, dos quais 4 mil são internacionais, o que representa mais ou menos 13% da comunidade acadêmica.
A Universidade do Porto localiza-se, como o nome sugere, na cidade do Porto, a segunda maior de Portugal. Seus três campi estão distribuídos pela mesma cidade.
A Universidade de Coimbra também está entre as mais antigas do mundo.Sua história remonta ao século seguinte ao da fundação do próprio país, tendo sendo fundada em 1290.
É atualmente considerada a terceira melhor universidade de Medicina de Portugal pelo QS Rankings.A história da universidade de Coimbra por muito tempo se dividiu entre Lisboa e Coimbra, num vai-e-vem secular.
Inicialmente instalada em Lisboa, a instituição foi transferida para Coimbra em 1308. Voltou para a capital em 1338, onde permaneceu até 1354, quando regressou a Coimbra. Em 1377 novamente voltou a Lisboa, onde permaneceu até 1537, ano em que foi definitivamente transferida para Coimbra, onde estão localizados atualmente seus três campi.
Em 2013, a Universidade de Coimbra foi declara Patrimônio Mundial pela UNESCO. A nível mundial, a instituição destaca-se pelo seu alinhamento com os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.
A Universidade Nova de Lisboa foi criada em 1973, sendo uma das mais jovens universidades de Portugal, e adotou desde o início um modelo estrutural novo em relação às universidades já existentes em Portugal.
A UNL define como seu propósito a inovação do ensino e da formação acadêmica para responder à necessidade de desenvolvimento social e econômico do país.
Também localizada na capital portuguesa, a Nova tem sua faculdade de Medicina classificada como a quarta melhor de Portugal pelo QS Rankings de 2021. Na classificação geral, no entanto, ela vem à frente da Universidade de Coimbra, sendo considerada a terceira melhor universidade daquele país.
A Universidade do Minho foi fundada em 1973, integrando-se ao grupo das novas universidades que alteraram o panorama do ensino superior no país, iniciando as suas atividades acadêmicas em 1975. É uma universidade jovem e dinâmica, considerada referência de ensino de qualidade na Europa.
Seus campi estão localizados nas cidades de Braga e Guimarães. No QS World University Rankings de 2021, ficou classificada como a quinta melhor universidade de Medicina de Portugal.
A universidade tem vocação internacional e atrai estudantes do mundo inteiro, criando um clima acadêmico multicultural. Com excelente infraestrutura, a Universidade do Minho oferece todas as condições para que o aluno passe o dia todo em suas instalações, com bibliotecas abertas vinte e quatro horas, cantinas a preços acessíveis, apoio médico e psicológico, além de acesso a mais de 40 modalidades esportivas, como musculação, atletismo, equitação, futebol, judô, natação e tênis.
Uma das tradições da Universidade do Minho é o Enterro da Gata, uma festa acadêmica que toma conta da cidade. A “gata” representa o indesejado insucesso escolar. É feito um velório em que a gata é transportada pelas principais ruas da cidade de Braga seguida por um cortejo de estudantes. A festa dura uma semana e é realizada todos os anos no início do mês de maio.
A rede de ensino superior de Portugal é composta por excelentes universidades, de reconhecimento mundial. Apesar de o ensino de Medicina não ser aberto a estudantes internacionais, brasileiro que atendam alguns requisitos podem ter acesso a uma vaga, com os mesmos direitos que cidadãos portugueses. Os preços cobrados nessas circunstâncias são bastante acessíveis, quando comparados aos valores cobrados pelas universidades portuguesas de alunos estrangeiros e também em comparação com os preços pagos pelo estudo de Medicina em universidades privadas no Brasil.
Considerando ainda a experiência multicultural de viver num país europeu e de poder depois trabalhar em qualquer país da União Europeia, podemos dizer que as vantagens se encerram por aí. Isso porque as vagas nas faculdades de Medicina portuguesas são alvo de alta concorrência, assim como no Brasil.
Considerando que o estudo secundário de Portugal é muito mais aprofundado que no Brasil, a concorrência se torna ainda mais difícil para brasileiros. Além disso, diferente do que ocorre no Brasil, as notas do Ensino Médio têm um peso bastante considerável na nota de candidatura às universidades.
Portanto, é preciso que se considere o planejamento de estudar Medicina em Portugal desde muito cedo. Se você ainda está cursando o Ensino Médio, não deixe para se preocupar com seu desempenho apenas quando terminar. Comece já a trabalhar seu histórico escolar para que ele trabalhe por você lá na frente.
Se você já terminou o Ensino Médio e considera Portugal como alternativa ao injusto sistema brasileiro, esteja preparado para uma jornada difícil. E se você estiver considerando outros países como alternativas, nossa sugestão é a Argentina, país que oferece a melhor relação custo-benefício para brasileiros: ensino superior de qualidade mundialmente reconhecida, faculdades gratuitas para estrangeiros, sem penosos processos seletivos.
A Vive en Buenos Aires foi criada por quem estudou Medicina na Argentina e conhece todos os trâmites e obstáculos. Com a nossa experiência e as excelentes condições oferecidas pela Argentina, realizar o sonho de se tornar médico será muito mais rápido e fácil do que em Portugal. Fale com a gente!