Ter no currículo um diploma europeu é o sonho de muita gente. Para brasileiros que pretendem estudar Medicina, escolher um país do Velho Mundo como destino acadêmico é como juntar a fome com a vontade de comer, já que se tornar médico no Brasil parece uma missão cada vez mais difícil. Por diversos fatores, a Espanha é um dos países que mais atrai brasileiros interessados em fazer uma graduação na Europa. Por isso, fizemos um compilado de todas as informações necessários para que você possa avaliar se a Espanha é um destino viável para você.
A Espanha recebe anualmente mais de 100 mil estudantes estrangeiros e é considerado o terceiro país da União Europeia com o maior número de estudantes internacionais. A qualidade do ensino e a receptividade com estudantes estrangeiros aliadas à similaridade do idioma é o que motiva muitos brasileiros a buscarem uma oportunidade de estudos por lá.
Assim como no Brasil, o curso de Medicina da Espanha dura seis anos. A rede de ensino superior espanhola é composta de universidades públicas e privadas, mas ambas são pagas, com significativa diferença entre os valores. Em geral, o ano letivo começa em setembro e termina em junho.
A Espanha é um país muito aberto a estudantes estrangeiros, por isso, apesar de burocráticos, os procedimentos para candidatos internacionais são facilitados. O ingresso à universidade na Espanha é um pouco diferente do Brasil. Embora tenhamos hoje uma prova unificada, o ENEM, as melhores universidades do Brasil ainda têm suas provas específicas de acesso e os alunos brasileiros acabam fazendo 3, 4, 5 provas de vestibular.
Já na Espanha, o sistema é um pouco mais prático. Depois de terminar o Bachillerato – equivalente ao nosso Ensino Médio, mas com apenas dois anos de duração –, os alunos espanhóis fazem a Selectividad ou Pruebas de Acceso a la Universidad (PAU). Trata-se de uma prova regional que envolve diferentes disciplinas, obrigatórias e optativas, e dura três dias.
Todos os alunos de uma mesma comunidade autônoma fazem a mesma prova, ou seja, os alunos da Andaluzia fazem uma prova, os alunos da Catalunha fazem outra prova, os de Navarra fazem outra. Assim, os estudantes espanhóis fazem uma única prova como vestibular, independentemente do número de universidades para as quais irão se candidatar. Não é necessário fazer uma prova para cada universidade que se deseja candidatar.
Outro diferencial do vestibular espanhol é que há provas diferenciadas de acordo com a faixa etária do estudante: uma prova para aqueles de até 25 anos, outra para quem tem mais de 25 anos, mais de 40 anos de idade com experiência profissional e mais de 45 anos sem experiência.
A nota final de admissão é calculada pela soma da nota obtida na prova e da nota média do Bachillerato. Essa nota precisa atingir uma pontuação mínima, que é a nota de corte. Quanto mais concorrido o curso e a universidade, maior é a nota de corte. Portanto, na Espanha, o rendimento escolar durante o ensino secundário pode ser decisivo para a admissão do aluno em uma universidade.
Com a sua nota final, o estudante faz a candidatura para as universidades de sua preferência e, como cada uma delas tem autonomia para definir os critérios de seleção, o aluno pode ter que passar por outros procedimentos de admissão, como testes complementares, entrevistas, apresentação de documentos.
Para os alunos estrangeiros, o processo seletivo para entrar numa universidade espanhola é um pouco diferente. Desde 2014, estrangeiros não precisam mais passar pelas provas de Selectividad, mas podem fazê-la se quiserem tentar aumentar a nota para concorrer aos cursos mais disputados, como Medicina. O mais importante, no entanto, é fazer a homologação do Ensino Médio brasileiro na Espanha e, então, cumprir os critérios da universidade escolhida.
Então, o primeiro passo para ingressar como estrangeiro em uma universidade espanhola é solicitar a homologação do Ensino Médio brasileiro ao Ministério da Educação espanhol, através do consulado no Brasil. É necessário que esse pedido seja feito o quanto antes, já que pode levar quase um ano para que se obtenha essa homologação.
Tendo seus estudos homologados, há três caminhos que podem ser seguidos: o ingresso direto, o ingresso com a nota média e o ingresso com a soma da nota média e da nota da prova.
O ingresso direito é possível apenas para cursos que não têm muita procura, para os quais sobram vagas. O aluno nem precisa aguardar a homologação do Ensino Médio, apenas comprovar que deu entrada no procedimento. Para cursos disputados, a seleção é feita pela nota média do Ensino Médio e aí é importante que o aluno tenha uma boa média para ter condições de concorrer. Para cursos muito concorridos, além da nota média, o candidato precisa passar pela prova de acesso para ter as duas notas somadas. Esse é o caso de quem quer estudar Medicina na Espanha.
Para brasileiros, existe a possibilidade de fazer as provas ainda no Brasil. Isso porque existe um serviço chamado UNED Assis, que tem escritório em São Paulo e faz a gestão do acesso e admissão de estudantes a universidades espanholas. Há, no entanto, universidades que realizam o procedimento sem a intermediação da UNED. Por isso, é preciso conhecer as particularidades da universidade escolhida.
Em geral, boa parte do processo de matrícula pode ser agilizada on-line com o envio dos documentos requisitados. Os principais documentos exigidos costumam ser:
A Espanha está entre os países europeus com maior número de universidades, muitas delas, de alto nível. Portanto, opções para estudar por lá não faltam. Abaixo, elencamos as cinco universidades espanholas mais bem classificadas no QS World University Rankings 2021, um dos mais respeitados rankings universitários do mundo.
Fundada em 1450, a Universidade de Barcelona é uma instituição pública de ensino superior que representa a associação entre a profunda tradição acadêmica e um conhecimento científico de ponta. Isso fez dela uma das universidades de maior prestígio do mundo em relação ao impacto da pesquisa. É a universidade espanhola mais bem avaliada no QS World Rankings 2021 e está entre as 200 melhores do mundo.
Os 16 centros da Universidade Barcelona estão agrupados em seis campi principais espalhados por Barcelona. Sendo uma das maiores universidades da Espanha, a UB acolhe um grande número de alunos internacionais. Cerca de 15% dos alunos são estrangeiros, de mais de 122 nacionalidades diferentes.
Fundada em 1968, a Universidade Autônoma de Madri também é uma instituição pública. Referência em pesquisa, a UAM é reconhecida internacionalmente e aparece no QS World University Ranking 2021 como a segunda melhor universidade espanhola.
A UAM possui dois campi: o Campus Cantoblanco e o campus da Faculdade de Medicina. Sua Faculdade de Medicina é conhecida por formar muitos dos alunos que conquistam os primeiros lugares na residência médica. A UAM também é famosa por ser uma das universidades da Espanha com maior taxa de empregabilidade entre os egressos.
A Universidade Complutense de Madri também é uma universidade pública. Foi fundada em 1499 e cresceu até se tornar a maior universidade da Espanha, com 90 cursos de graduação e mais de 170 programas de pós-graduação. Terceira melhor universidade espanhola segundo o QS World University Rankings 2021, a UCM também recebe muitos estudantes estrangeiros: são 80 nacionalidades diferentes.
Atualmente localizada no coração da capital espanhola, a UCM nasceu em Alcalá de Henares, a primeira cidade universitária planejada do mundo. Só em 1836 foi feita sua transferência para Madri. A UAM foi a primeira universidade espanhola autorizada a conceder o título de doutor.
Fundada em 1968, a Universidade Autônoma de Barcelona é uma instituição pública conhecida por sua excelência em pesquisa e qualidade no ensino. É a quarta melhor universidade espanhola no QS World University 2021. Em 2009, a UAB recebeu o reconhecimento de Campus de Excelência Internacional. O ensino na UAB é famoso pela multidisciplinaridade e inovação.
A Universidade de Navarra é uma instituição privada localizada na cidade de Pamplona, capital da província de Navarra. Fundada em 1952 pela igreja católica, é a quinta melhor universidade da Espanha, de acordo com o QS World University Rankings 2021, e a melhor instituição de ensino superior privado do país. A UNAV tem uma dimensão internacional digna de nota: 25% dos alunos são estrangeiros.
Como dito anteriormente, na Espanha, as universidades públicas também são pagas. No entanto, estudar em uma universidade pública de Medicina na Espanha é certamente mais barato do que em uma particular no Brasil.
Nas universidades públicas espanholas não há o sistema de mensalidades, mas uma taxa única anual, que pode ser parcelada. Não existe um preço fixo para essa taxa, já que os valores são definidos pelo governo de cada região autônoma e varia também conforme a universidade.
Assim, por exemplo, o curso de Medicina em universidades públicas custa em torno de € 1.600 por ano em Madri e Barcelona e € 800 em Andaluzia. Vale salientar que esses valores são válidos para alunos espanhóis e europeus, mas costuma ser significativamente maior para alunos estrangeiros. Na Universidade Complutense de Madrid, por exemplo, o primeiro ano de Medicina para um estudante local custa € 1.570 e para um estrangeiro não residente custa € 8.200. Convertendo este valor em real e dividindo em doze parcelas, temos uma mensalidade de cerca de R$ 4.500 mil.
Já nas universidades privadas os preços podem ser ainda maiores. Na Universidade de Navarra, o custo anual do primeiro ano do curso de Medicina é de € 16.000. Convertendo esse valor para real e dividindo em doze parcelas, temos uma mensalidade de R$ 8.600. Todos os valores apresentados aqui são referentes ao ano letivo 2020/2021.
Como as universidades espanholas têm muito interesse em receber alunos estrangeiros, muitas delas oferecem bolsas de estudo que são abertas também aos estrangeiros. Alguns dos programas mais populares de bolsas de estudo para Espanha são o Bolsas Santander e o Erasmus. No entanto, é possível obter bolsas parciais e integrais diretamente com algumas universidades, públicas e privadas.
Os requisitos necessários para obtenção de bolsas de estudo, em geral, são relacionados ao desempenho acadêmico. Ou seja, os estudantes com as melhores notas, com bom desempenho em olimpíadas científicas saem na frente na disputa pelo auxílio.
Com 46 milhões de habitantes, a Espanha é um dos países mais receptivos da Europa em relação aos brasileiros. Talvez por isso a comunidade brasileira por lá é uma das maiores do mundo: são cerca de cem mil pessoas. A Espanha tem muitas facilidades para estrangeiros: o visto é de fácil acesso e morando legalmente por dois anos no país, já é possível solicitar a cidadania espanhola por tempo de residência.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a Espanha possui um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) bastante alto, ocupando o 25º lugar no ranking mundial, enquanto o Brasil ocupa o 89º lugar. Entre os bons indicadores espanhóis estão as baixas taxas de analfabetismo.
Morar em terras espanholas significa ter mais segurança nas ruas, transporte público de qualidade e educação de excelência. Como se não fosse mais que suficiente, ainda tem a culinária riquíssima, a cultura secular, os laços históricos com o Brasil, o clima ameno e as praias belíssimas.
Tudo isso, no entanto, tem um custo. O custo de vida na Espanha é considerado um dos mais baratos da Europa. Mas, quando comparado ao Brasil, é bastante alto. Madrid e Barcelona são as cidades mais caras Espanha. Segundo sites que compilam dados sobre custos de vida ao redor do mundo, as duas cidades espanholas são cerca de 75% mais caras que São Paulo. Mesmo as cidades universitárias espanholas menores são caras para os padrões brasileiros. Pamplona, por exemplo, onde fica a Universidade de Navarra, tem um custo de vida 50% maior que São Paulo.
Para se ter uma ideia, o aluguel de um apartamento com um quarto fora do centro da cidade custa em média € 700 em Madri ou Barcelona. Se a localização do imóvel for mais central, o preço médio sobe para cerca de € 1000. Em Pamplona, um apartamento de um quarto custa em média € 500 fora do centro da cidade e € 700 no centro. Considerando que o euro custa atualmente cerca de R$ 6,50, a opção mais barata destas mencionados custa o equivalente a R$ 3.250.
Portanto, quando comparado à realidade brasileira, o custo de vida na Espanha não soa tão atrativo assim. Considerando que a maioria dos brasileiros vai estudar fora do país sob financiamento da família, que permanece no Brasil ganhando em reais, a conta pode ficar bastante salgada. É claro que sempre é possível reduzir o custo principal, que é a moradia. A maioria dos estudantes estrangeiros acaba optando por residências compartilhadas ou alojamentos universitários. Mesmo assim, o orçamento pode ficar bastante alto.
A resposta para esta pergunta depende muito de quais são os motivos que levam o estudante a cogitar uma formação no exterior. É claro que há muitas e enormes vantagens em se formar na Espanha. Lá, tem-se a oportunidade de estudar em algumas das melhores instituições do mundo, enriquecer o currículo, vivenciar uma cultura tradicional e experimentar uma qualidade de vida bastante superior à do Brasil. Portanto, se dinheiro não é problema, a resposta é: sim, vale muito a pena estudar na Espanha.
A realidade, no entanto, é que a grande maioria dos brasileiros que planeja estudar Medicina fora do país o faz justamente por não ter condições financeiras de estudar aqui. Isso porque as universidades públicas não conseguem atender a todos e as particulares cobram mensalidades entre R$ 6 mil e R$ 12 mil. Para essas pessoas, ainda que os valores cobrados pelas universidades públicas espanholas sejam mais acessíveis que as mensalidades particulares do Brasil, o custo de vida inviabiliza essa possibilidade.
Portanto, se você tem o sonho de estudar Medicina fora do Brasil, mas não vê a Espanha como uma possibilidade financeiramente viável, há alternativas tão vantajosas quanto o Velho Mundo e muito mais condizentes com a realidade brasileira.
A Argentina oferece uma relação custo-benefício excelente, tem um ensino superior de qualidade mundialmente reconhecida, com várias universidades figurando entre as melhores do mundo em rankings internacionais. Além disso, para ter acesso a essas universidades não é necessário passar por vestibular, as faculdades públicas são totalmente gratuitas, inclusive para estrangeiros, e as particulares tem valores muito acessíveis.
Instituições como Universidade de Buenos Aires, Universidade Nacional de La Plata, Universidade Nacional de Rosário, Fundação Barceló, entre outras, formam médicos há décadas e têm sido a escolha de grande parte dos brasileiros que saem do país para estudar. Além disso, a metodologia de ensino na Argentina é a mesma utilizada na Europa, a distância é muito menor, o que reduz os custos com viagem e permite visitas mais frequentes à família, e o câmbio entre as moedas costuma favorecer os brasileiros.
A Argentina tem sido a melhor opção para os brasileiros que buscam uma formação fora do país. Não é à toa que a Vive em Buenos Aires está há quase 20 anos assessorando brasileiros que perceberam as vantagens de estudar na Argentina. Se você também percebeu isso, fale com a gente. Nós teremos o maior prazer em te ajudar nessa jornada!