Quase todo brasileiro que opta por estudar Medicina fora do Brasil tem planos de voltar para exercer a profissão aqui. O caminho mais utilizado para isso é o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, o Revalida. No entanto, o nível da prova e a falta de frequência na sua realização tem gerado muita insegurança naqueles que dependem dessa aprovação para começar a trabalhar. Uma alternativa para quem não quer ficar refém da revalidação é fazer a transferência do curso de Medicina para o Brasil antes de concluí-lo.
Em setembro de 2020, o Inep finalmente abriu as inscrições para a realização do Revalida, com a promessa de passar a realizá-lo anualmente. A última edição havia sido em 2017 e, desde então, muitos profissionais formados no exterior aguardavam ansiosamente pelo exame. Afinal, sem a revalidação do diploma, não é possível obter o registro no Conselho Regional de Medicina, que autoriza o exercício da Medicina no Brasil.
Além disso, sabe-se que muitos profissionais não conseguem a aprovação na primeira tentativa. Mesmo dentre os brasileiros formados em universidades argentinas, que estão entre os mais bem-sucedidos no Revalida, o índice de aprovação fica em torno de 60%. Ou seja, cerca 40% dos candidatos acaba tendo que esperar pela próxima edição do exame.
Para escapar de toda essa incerteza depois de formado, muitos estudantes de Medicina no exterior buscam a transferência do curso para uma instituição brasileira. Assim, ao concluir o curso no Brasil, o diploma expedido já será reconhecido pelo MEC e dispensará a necessidade de revalidação.
Não são todas, mas muitas faculdades brasileiras, tanto públicas quanto privadas, aceitam transferências oriundas de instituições estrangeiras: Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Universidade Federal do Acre (UFAC), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Uningá Centro Universitário, Unicesumar, Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida (FESAR).
São dezenas de opções por todo o país e cada instituição tem seu próprio regulamento para receber transferências estrangeiras em suas vagas remanescentes. Algumas realizam provas com base em conteúdos do curso, outros classificam os candidatos a partir de notas do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem.
Além disso, cada universidade estabelece certos critérios para a realização da transferência. Algumas, por exemplo, exigem que o aluno já tenha cumprido um mínimo da carga horária curricular, mas também estabelecem um limite máximo de carga horária já cumprida. Outras exigem que o aluno tenha uma média mínima nas notas obtidas na instituição de origem. Há universidades que exigem a entrega da documentação acadêmica antes mesmo da prova, outras só requerem os papéis após a aprovação.
Assim, o interessado terá que escolher qual é a instituição brasileira para a qual solicitará a transferência para então buscar informações sobre as particularidades do procedimento naquela instituição e ficar atento à publicação dos editais, que, em muitas universidades, ocorre duas vezes ao ano.
É importante também estar ciente de que os documentos que precisam ser emitidos pelas faculdades argentinas para a transferência podem levar tempo para serem obtidos, e precisam ser traduzidos por tradutor juramentado. Por isso, é preciso planejamento para não perder os prazos.
O aluno que realiza transferência estrangeira pode encontrar conflitos na grade curricular das duas instituições. Por isso, é comum que o aluno transferido tenha que fazer disciplinas isoladas, refazer disciplinas já estudadas ou até voltar o ano. Isso pode prolongar o tempo até a formatura. Além disso, a troca de uma instituição argentina por uma brasileira pode representar uma queda na qualidade de sua formação.
Por outro lado, iniciando o curso na Argentina e concluindo no Brasil, o aluno evita a esmagadora concorrência dos vestibulares de Medicina no Brasil, deixa de gastar com as mensalidades altíssimas cobradas aqui por alguns semestres e volta a ficar perto da família mais cedo. Além disso, pode ter a chance de disputar uma vaga em universidade com uma concorrência muito menor que a do vestibular.
No entanto, é preciso ressaltar que o caminho para a transferência pode não ser tão fácil, visto que algumas vezes os editais oferecem apenas 2 ou 3 vagas para dezenas de candidatos. Mas também é possível transferir o curso da instituição argentina para uma brasileira que tenha maior oferta de vagas e depois tentar uma nova transferência para a instituição desejada.
O brasileiro que decide estudar Medicina no exterior precisa ter sempre em mente a necessidade de validação do diploma se quiser exercer sua profissão no Brasil. Se não estiver disposto a enfrentar os procedimentos de revalidação, a transferência é uma possibilidade, o que não quer dizer, necessariamente, que é um caminho mais fácil. O mais importante é dar o primeiro passo, que é o início do curso na Argentina. Nós estamos aqui para te ajudar com todos os trâmites burocráticos. Conte com a Vive em Buenos Aires!